sábado, 25 de agosto de 2012

Vocabulário Wiccano


Esta é uma lista de termos usados ou derivados da religião Wicca, normalmente usados em suas línguas de origem. O propósito principal desta lista é desambiguar grafias diferentes, definir o conceito em uma ou duas linhas, tornar fácil a localização do conceito que o utilizador esteja procurando e prover um guia centralizado para os conceitos Wiccanos.
Em alguns casos, pode ser difícil separar os conceitos Wiccanos de conceitos específicos da cultura celta, de outras formas de Neopaganismo ou magia ritual. Muitos desses conceitos têm um significado específico quando utilizados em relação à Wicca.
Utilizadores devem notar que a língua gaélica (de onde vêm muitos dos termos Wiccanos) não possuía alfabeto próprio e que sua transliteração para o alfabeto romano pode gerar grafias diferentes para o mesmo conceito.
Foram também incluídos nesta lista termos utilizados por religiões próximas à Wicca, como o Druidismo, e que comumente podem ser confundidas com práticas wiccanas.

A

  • Amuleto - objeto natural que visa atrair sorte ao seu portador.
  • Akasha- a essencia primodial.
  • Athame - Instrumento mágico, constitui-se numa pequena adaga ou punhal, quase sempre de dois gumes, normalmente utilizado para representação do elemento Ar, ou do princípio masculino. Algumas tradições utilizam o Athame como representação do elemento Fogo.

B

  • Banir - mandar embora, retirar.
  • Bastão - Instrumento mágico, normalmente utilizado para representação do elemento Fogo, ou do princípio masculino. Algumas tradições utilizam o Bastão como representação do elemento Ar.
  • Beltane - Sabbat comemorativo do auge da Primavera, união da Deusa com o Deus
  • Bolline - Instrumento mágico, constitui-se em uma faca ou pequena foice, normalmente utilizada para o corte de substâncias utilizadas em feitiços e encantamentos.

C

  • Caldeirão - Instrumento mágico, normalmente utilizado para concocção de poções ou infusões, para a queima de substâncias ou como representação do princípio feminino. Neste último caso, alguns bruxos usam um caldeirão de três pés, representando as três faces da Deusa.
  • Cálice - Instrumento mágico, normalmente utilizado para representação da elemento Água, e do princípio feminino.
  • Cornífero, Deus - Representação do Deus, cultuada em alguns ritos wiccanos. "Cornífero" significa "portador de chifres" em latim.
  • Cone de Poder - energia mágica elevada e dirigida a um objetivo dentro dos rituais.
  • Consagração - ato de tornar algo abençoado, sagrado.
  • Corpo Astral - a contraparte espiritual do corpo físico.
  • Coven - Grupo organizado para a prática da Wicca, normalmente com ritos próprios ao Coven.
  • Coventículo - o mesmo que Coven.

D

  • Dianismo, Tradição - Tradição cujo culto é, em algum grau, mais focado na Deusa que no Deus.
  • Druidismo - A visão tradicional mostra os druidas como sacerdotes, mas isso na verdade não é comprovado pelos textos clássicos, que os apresentam na qualidade de filósofos (embora presidissem cerimônias religiosas, o que pode soar conflitante). Se levarmos em conta que o druidismo era uma religião natural, da terra, e não uma religião revelada (como o Islamismo ou o Cristianismo), os druidas assumem então o papel de diretores espirituais do ritual, conduzindo a realização dos ritos, e não de mediadores entre Deus e o homem.
  • Deus, O - O Deus Cornífero é o Deus fálico da fertilidade. Geralmente é representado como um homem de barba com casco e chifres. Ele é o guardião das entradas e do círculo mágico que é traçado para o ritual começar. É o Deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e do azevinho e senhor das matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
  • Deusa, A - A Deusa é a energia Geradora do Universo, é associada aos poderes noturnos, a Lua, à intuição, aos lado inconsciente, a tudo aquilo que deve ser desvendado, daí o mito da eterna Ísis com o véu que jamais deve ser desvelado. A Lua jamais morre, mas muda de fase a cada 7 dias, representando os mistérios da eternidade e mutação. Por isso a Deusa é chamada de a "DEUSA TRÍPLICE DO CÍRCULO DO RENASCIMENTO", pois também muda de face, assim como a Lua, e se mostra aos homens de três diferentes formas como: A VIRGEM, A MÃE e A ANCIÃ. Isso não difícil de se entender, pois dentro de Wicca todos os vários Deuses e as múltiplas faces e aspectos da Deusa, nada mais são do que a personificação e atributos da Grande Divindade Universal.
  • Dragões - Entidades a que alguns praticantes de Wicca atribuem poderes sobre determinadas áreas de atuação mágica ou natural.

E

  • Elders - cargo dentro de um coven.
  • Esbat - Rituais em honra à Deusa, normalmente nas noites de Lua Cheia. Algumas tradições chamam também de Esbat rituais realizados nas demais fases da lua.
  • Eneagrama- A palavra Eneagrama origina-se do grego, "enneas", que significa "nove" e "grammos" que significa "pontos". É representado por um símbolo que tem uma circunferência com nove pontos e linhas que se interligam, formando uma estrela.
  • Equinócios - (de primavera / Ostara e outono / Mabon), o dia e a noite têm a mesma duração, ambos com 12 horas exatas de claridade e escuridão.
  • Espada - Pertencente ao elemento ar tem função semelhante ao Athame.

F

  • Fadas - Entidades a que alguns praticantes Wiccanos atribuem poderes sobre determinadas áreas de atuação mágica ou natural.
  • Faery Wicca - Nome de uma Tradição, traduzida normalmente como Wicca das Fadas. Além disso, diz-se de toda prática Wiccana conectada a Fadas.

G

I

L

  • Lammas - Outro nome para o Lughnasadh
  • Livro das Sombras - Diário usado por praticantes de magia ritual para registrar rituais, feitiços, e seus resultados, bem como outras informações mágicas.
  • Litha - Sabbat comemorativo do solstício de Verão
  • Lughnasadh - Sabbat comemorativo do auge do Verão

M

  • May Pole - (Do Inglês - Mastro de Maio) O May pole é um tronco que é utilizado em Beltane, no qual se prendem fitas coloridas e simbólicas da celebração e realizam danças em torno do mesmo (geralmente mulheres num sentido e homens no oposto), trançando assim as fitas nele. O mastro torna-se um símbolo masculino (o falo) enquanto as fitas o símbolo feminino (vulva), pode-se observar noutras culturas simbologias paralelas como o hexagrama (Estrela de seis pontas, os dois triângulos que mostra o feminino e masculino unidos). Representa deste modo a união do deus e da deusa no auge de Beltane. Durante a dança alem da simbologia da mesma os seus praticantes costumam realizar os seus pedidos.

[editar]N

  • Neófito - um novato nos conceitos wiccans, aquele que se apenas é adepto ou se está a preparar para a iniciação.
  • Neopaganismo - Nome dado ao conjunto de religiões que buscam recriar, reinstaurar ou reproduzir as antigas religiões pagãs

[editar]O

[editar]P

  • Pantáculo - Símbolos que funcionam como emissores fluídicos de desejos aos planos sutis. Formas ou desenhos sintetizadores de votos ou desejos.
  • Pentáculo - Símbolo usado como instrumento mágico, podendo ser usado também como emblema de fé pela maioria dos praticantes da Wicca. Consiste de um pentagrama inscrito em um círculo.
  • Pentagrama - É uma estrela de 5 pontas entrelaçadas.
  • Politeísmo - Sistema de crença baseado em muitas Divindades.
  • Postulante - Um Neófito.

[editar]R

  • Rede Wicca - Código de ética fundamental da Wicca, também designado por Conselho Wicca
  • Roda do Ano - Ciclo natural das estações, comemorado nos Sabbats.

[editar]S

  • Sabbat - Festivais sazonais, em honra ao Deus, comemorativos da Roda do Ano.
  • Samhain - Sabbat comemorativo do auge do Outono. (Também conhecido como Halloween)
  • Solitário - Praticante solitário. (fora de um coven)
  • Stregheria- Stregheria, Stregoneria ou Bruxaria Italiana são os nomes dados a Velha Religião (Vecchia Religione) da região da Itália. Culto Pagão com origens nos velhos Mistérios Egeu-Mediterrâneos, a Stregheria é uma Religião Iniciática composta de diversos Clãs (Tradições), na maioria Hereditários e extremamente herméticos. Vale ressaltar que Stregheria, ao contrário do que muitos erroneamente pensam, não é Tradição de Wicca.
  • Solstícios - são os dias em que começam as estações do ano, e estas existem graças à inclinação do eixo da Terra e do movimento dela ao redor do sol. O solstício de verão (Litha) é o dia mais longo do ano, quando temos um período de claridade muito maior do que de escuridão; o solstício de inverno (Yule) é o dia mais curto do ano, quando temos um período de escuridão muito maior do que de claridade.
  • Sacerdote/Sacerdotisa - Pessoa que foi iniciada na Arte, mas não necessariamente possui todos os graus, e caso não os possua, não poderá iniciar outros.
  • Alto Sacerdote/Alta Sacerdotisa - Sacerdote (isa) que possui todos os níveis ou graus de iniciação e que preside os rituais de um coven, tendo o direito de iniciar outros.

[editar]T

  • Tradição - Grupo organizado para a prática da Wicca, normalmente com ritos próprios à Tradição. Pode englobar vários Groves, Covens, Círculos e/ou praticantes solitários.
  • Trivia - Tradição Wiccana que acredita no Deus e na Deusa com três faces e com uma mesma importância.

[editar]V

  • Vanatru - Religião que cultua o Panteão Vanir.
  • Vassoura - Vassoura comum ou especial, consagrada ao uso mágico
  • Vestuário - Vestimentas utilizadas ritualmente

[editar]W

  • Wicca - nome da religião vivificada por Gerald B. Gardner. Não confundir com Neopaganismo, tronco cultural/religioso que abrange, dentre outras religiões, a Wicca.

[editar]X

  • Xandrianismo

Y

[editar]


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O QUE É THELEMA?


PENTAGRAMA AZUL

Thelema é a filosofia ou religião - dependendo do ponto de vista - baseada nos dois preceitos fundamentais da chamada Lei de Thelema:
  • "Faze o que tu queres será o todo da Lei.”
  • "Amor é a lei, amor sob vontade."
Do grego θέλημαVontade, a partir do verbo θέλω: desejar, ter um propósito. Estes foram apresentados ao mundo, desta forma, no Livro da Lei (Liber AL vel Legis), escrito por Aleister Crowley nos dias 8 a 10 de abril de 1904. Seus adeptos são chamados de "thelemitas".
Crowley desenvolveu o sistema thelemico a partir de uma série de experiências metafísicas experimentadas por ele e sua então esposa, Rose Edith Kelly Crowley, no início de 1904. A partir dessas experiências ele argumentava ter sido contactado por uma inteligência não-corpórea denominada Aiwass (a quem identificou mais tarde como seu Sagrado Anjo Guardião), a qual ditou a ele, entre o meio-dia e as 13 horas dos dias 8, 9 e 10 de abril daquele ano, o Livro da Lei (Liber AL vel Legis). Sabe-se, além disso, que pensadores anteriores a Crowley apresentaram traços da cosmovisão e sistema contidos no livro, de modo que o conhecimento thelêmico, embora coroado pelo Liber AL, não se restringe a ele.
O livro contém tanto a frase "Faze o que tu queres será o todo da Lei" quanto o termo θέλημα, o qual Crowley tomou como nome do sistema filosófico, místico e religioso que veio a se desenvolver a partir do texto daquele livro, considerado como sagrado pelos thelemitas (aqueles que seguem a filosofia ou religião de Thelema). O sistema thelemico inclui uma série de referências de magia,ocultismomisticismo e religião, tanto ocidentais quanto orientais, tais como a Cabala e a Yoga. Segundo Crowley, Thelema representaria um novo sistema ético e filosófico para a humanidade, caracterizando um Novo Eon (nova era).
É comum que a Lei de Thelema seja compreendida, à primeira leitura, como uma licença para que se executem todos os desejos e caprichos que uma pessoa tenha, sem que haja responsabilidade ou consequências por seus atos. Contudo, esta filosofia prega justamente o oposto, partindo da idéia de que cada ser humano, por possuir livre arbítrio, é inteiramente responsável por sua existência e por suas ações, sem ser absolvido ou culpado por nenhum Deus ou Diabo no que tange o destino de sua própria vida. A liberdade de todo Homem e toda Mulher é, portanto, cultuada, uma vez que, como consta no Liber AL, "todo homem e toda mulher é uma estrela". O resultado disso é um profundo respeito a si próprio, à cada indivíduo e à cada forma de vida, como sendo expressões particulares do Divino.
Além disso, Thelema conclama cada um à descoberta e realização de sua Vontade (a inicial maiúscula sendo utilizada para diferenciar esta da vontade trivial, a expressão Verdadeira VontadeNatureza, que reflete a ordem do Universo. Portanto, realizar a Verdadeira Vontade é despertar para a Vontade do Universo. também sendo utilizada para tanto). Cada um de nós tem por obrigação descobrir e cumprir essa Verdadeira Vontade, deixando de lado todo capricho e distração que possa nos afastar deste objetivo máximo. Ao realizá-la, estamos nos integramos perfeitamente à nossa
Em Thelema, considera-se a Divindade como algo imanente: isto é, que vive dentro de tudo. Logo, conhecer sua Vontade mais íntima também é conhecer a Vontade de Deus. Esse processo de descoberta da Vontade além dos desejos do Ego constitui um método de realização espiritual baseado principalmente no autoconhecimento. Infelizmente, os escritos de Crowley são usualmente mal interpretados e incrivelmente tomados no sentido oposto ao original, dando origem a comportamentos anti-sociais que nada têm a ver com Thelema.
A nível social, Thelema pode ser entendida como a luta pela vivência da Liberdade de cada indivíduo, de modo que ele possa se realizar de acordo com sua órbita particular, isto é, dentro de suas vivências e escolhas específicas. Considerar a importância essencial do indivíduo para o mundo pode ser uma postura menos pragmática do que a tradição política adotada por sociedades opressoras e massificantes. No entanto, pelo que foi explicado anteriormente, está claro como a tirania e regimes tirânicos nada têm a ver com Thelema.

Aleister Crowley


Aleister Crowley,ou Edward Alexander Crowley nascido no dia (12 de Outubro de 1875 — 1 de Dezembro de 1947), foi um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada e influente ocultistabritânico, responsável pela fundação da doutrina (ou filosofia; dependendo do ponto de vista) Thelema. Ele foi o co-fundador da A∴A∴ e eventualmente um líder da O.T.O.. Ele é conhecido hoje em dia por seus escritos sobre magia, especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da Thelema, apesar de ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como magia cerimonial e a cabala.
Crowley também era magohedonistausuário recreacional de drogas, e crítico social. Em muita de suas façanhas ele "iria contra os valores morais e religiosos 

do seu tempo", defendendo o libertarianismobaseado em sua regra de "Faz o que tu queres".[1] Por causa disso, ele ganhou larga notoriedade em sua vida, e foi declarado pela imprensa do tempo como "O homem mais perverso do mundo."[2][3][4][5] Além de suas atividades esotéricas, ele era também um premiado jogador de xadrez, um alpinistapoeta e dramaturgo.[6]
Em 2002, uma enquete da BBC descrevia Crowley como sendo o septuagésimo terceiro maior britânico de todos os tempos, por influenciar e ser referenciado por numerosos escritores, músicos e cineastas, incluindo Jimmy PageAlan MooreBruce DickinsonOzzy OsbourneRaul SeixasMarilyn Manson e Kenneth Anger. Ele também foi citado como influência principal de muitos grupos esotéricos e de individuais na posterioridade, incluindo figuras como Kenneth Grant e Gerald Gardner.[7]

[editar]Primeiros anos, 1875-1894Biografia

Edward Alexander Crowley Nasceu na rua Clarendon Square, número 30, em Royal Leamington Spa, Warwickshire, Inglaterra, entre as 11:00 da noite e meia-noite do dia 12 de Outubro de 1875.[8] Seu pai, Edward Crowley, era um engenheiro formado mas, de acordo com Aleister, nunca trabalhou como um.[9] Ele entretanto era um rico dono de cervejaria, que permitiu a ele se aposentar antes que Aleister nascesse. Através do negócio de seu pai ele conheceu o ilustrador Aubrey Beardsley. Sua mãe, Emily Bertha Bishop, vinha de uma família com origens em Devon e Somerset.[9] Ambos seus pais eram da Irmandade Reservada, uma facção mais conservativa de uma denominação Cristã conhecida como Irmãos de Plymouth,[10] e seu pai costumava ser um missionário. Deste modo o jovem Crowley foi criado para ser um Irmão Plymouth, sujeito a leitura diária de um capítulo da Bíblia.[11]

Em 29 de Fevereiro de 1880,[12] uma irmã, Grace Mary Elizabeth, nasceu mas sobreviveu apenas cinco horas. Crowley foi levado para ver o corpo, em suas próprias palavras em As Confissões de Aleister Crowley, o qual escreveu em terceira pessoa:
O incidente criou uma curiosa impressão nele. Ele não entendia o porque de ser perturbado tão inutilmente. Ele não poderia fazer nada; a criança estava morta; aquilo não era de sua conta. Essa atitude continuou com o passar de sua vida. Ele nunca vistara outro funeral a não ser o do próprio pai, que ele não se importou em fazer, pois sentiu que ele na verdade era o centro de interesse.[13]
Em 5 de Março de 1887, quando Crowley tinha apenas onze anos, seu pai morreu de câncer de língua. Ele iria mais tarde descrever isso como um ponto decisivo em sua vida,[14] e a partir desse momento ele mais tarde começa a se descrever em primeira pessoa em suas Confissões. Ainda sendo rico, ele posteriormente foi enviado a uma escola da Irmandade Plymouth, mas foi expulso por "tentar corromper outro garoto."[14] Após isso ele atendeu a Escola Tonbridge e o Colégio Malvern, ambas a qual desprezava.[14] Ele se tornou continuamente cético sobre o Cristianismo, e foi contra a moralidade Cristã da qual foi ensinado.

[comentar]Universidade, 1895-1897

Em 1895 ele começou um curso de três anos no Trinity College, Cambridge, onde ele entrou para estudar Filosofia, mas com permissão de seu tutor pessoal, ele trocou o curso para Literatura inglesa, que até então não era parte do currículo oferecido.[15] Foi aqui que ele criou uma visão mais severa sobre o Cristianismo, posteriormente dizendo:
A Igreja da Inglaterra […] parecia uma estreita tirania, tão detestável quanto a dos Irmãos de Plymouth; menos lógica e mais hipócrita… Quando eu descobri que a capela era obrigatória eu imediatamente revidei. O reitor júnior me repreendeu por não estar comparecendo a capela, o que eu certamente não estava, pois isso envolvia acordar cedo. Eu me desculpei com o fundamento de que tinha sido criado entre os Irmãos de Plymouth. O reitor pediu para que eu viesse vê-lo ocasionalmente e falar sobre o assunto, e eu tive a surpreendente ousadia de escrever a ele: 'A semente plantada pelo meu pai, regada com as lágrimas de minha mãe, teriam crescido profundas de mais para que pudessem ser arrancadas até mesmo por sua eloquência e aprendizagem'.[13]
Também foi na universidade que ele fez a decisão de mudar o nome Edward Alexander para Aleister. Sobre isso ele declarou:
Por muitos anos eu me aborreci sendo chamado de Alick, em parte devido ao som desagradável e a visão da palavra, e em parte pois esse era o nome que minha mãe me chamava. Edward não parecia se ajustar a mim e os diminutivos Ted ou Ned eram ainda menos apropriados. Alexander era muito longo e Sandy sugeria ser loira com sardas. Eu tinha lido em um livro ou outro que o nome mais favorito a se tornar famoso era composto de um dátilo seguido por um espondeu, como no fim de um hexâmetro: por exemploJeremy Taylor. Aleister Crowley preenchia essas condições e Aleister é a forma gaélica de Alexander. Adotar este nome satisfaria meu ideal romântico. A ortografia atroz A-L-E-I-S-T-E-R foi sugerido como a forma correta pelo Primo Gregor, que deveria saber melhor. De qualquer modo, A-L-A-I-S-D-A-I-R cria um dátilo muito ruim. Por essas razões eu decidir ficar com meu pseudônimopresente — Eu não posso dizer que tenho certeza que facilitei o processo de ficar famoso com isso. Eu deveria ter feito isso sem dúvida, qualquer que tivesse sido o nome que eu escolhesse.[16]

Crowley passou bastante de seu tempo de universidade em seus passatempos, entre eles o alpinismo; ele iria em feriados para os Alpes todo ano de 1894 até 1898, e vários outros alpinistas que o conheciam nesse tempo o identificavam como "um alpinista prometedor, entretanto um tanto quanto errático".[17] Outro de seus passatempos era o de escrever poesia, algo que ele fazia desde os dez anos de idade, e em 1898 ele publicou privadamente cem cópias de um de seus poemas, Aceldama, mas não foi um sucesso em particular.[18] Apesar disso, no mesmo ano ele publicou uma série de outros poemas, o mais notável deles sendo White Stains (literalmente Manchas Brancas), uma obra erótica que tinha que ser impressa no exterior, em caso de haver problemas com as autoridades britânicas.[19] Um terceiro passatempo seu era o xadrez, e ele entrou no clube de xadrez da universidade, onde, segundo ele mais tarde descreve, derrotou o presidente do clube no seu primeiro ano e praticava duas horas por dia para se tornar um campeão — "Minha ambição mundana séria era a de se tornar o campeão mundial de xadrez."[20] Ele também relata ter derrotado os famosos jogadores de xadrezJoseph Henry Blackburne e Henry Bird e estar em seu caminho para se tornar um mestre no xadrez, até que ele visitou um importante torneio em 1897 em Berlim onde "Eu vi os mestres — um, velho, rabugento e cegueta; outro, de um jeito respeitoso de dizer seria malfeito; o terceiro, uma mera paródia da humanidade, e assim em diante para o resto. Essas eram as pessoas de qual a posição eu estava buscando. "Ali, mas pela graça de Deus, se vai Aleister Crowley", eu exclamava para mim com desgosto, e naquele momento eu fiz um voto de nunca mais jogar outra partida séria de xadrez."[21] Na universidade, ele também alegou manter um vida sexual vigorosa, da qual era grandemente conduzida com prostitutas e garotas que ele conhecia em bares e tabacarias.[22] Em 1897, Crowley conheceu um homem chamado Herbert Charles Pollitt, e posteriormente tiveram um relacionamento,[23] mas se separaram pois Pollitt não compartilhava dos interesses de Crowley no esoterismo. Como o próprio Crowley descreveu, "Eu disse pra ele francamente que eu tinha devotado minha vida a religião e que ele não se enquadrava no esquema. Agora eu vejo como eu fui imbecil, como terrivelmente errado e fraco é rejeitar qualquer parte da personalidade de uma pessoa."[24]
Foi em dezembro de 1896 que ele teve sua primeiro experiência religiosa significante da qual mais tarde ele afirma, "essa filosofia nasceu em mim."[25][26] A partir dessa experiência, Crowley começou a ler sobre ocultismo e misticismo, e no próximo ano, ele começou a ler livros de alquimistas e místicos, e livros em magia.[8] Em outubro uma breve doença lhe trouxe questões sobre a mortalidade e "a futilidade de toda atividade humana," ou pelo menos a futilidade da carreira diplomática que Crowley tinha anteriormente considerado[27] - ao invés ele decidiu devotar sua vida ao oculto. Em 1897 ele deixouCambridge, sem conquistar diploma algum.

[comentar]A Aurora Dourada

Em 1898, Crowley estava de estadia em ZermattSuíça, onde ele encontrou o químico Julian L. Baker, e os dois começaram a falar sobre seus interesses em comum sobre alquimia. No seu retorno a Inglaterra, Baker apresentou Crowley a George Cecil Jones, um membro da sociedade oculta conhecida como Ordem Hermética da Aurora Dourada.[28] Crowley foi posteriormente iniciado na "Ordem Externa" da Aurora Dourada, no dia 18 de novembro de 1898, pelo líder do grupo, S. L. MacGregor Mathers.[29] A cerimônia foi realizada no Salão de Mark Mason em Londres, onde Crowley aceitou seu lema e seu nome mágico de Frater Perdurabo, significando "Eu devo resistir até o fim." Por volta desse mesmo tempo, ele se moveu de uma acomodação elegante no Hotel Cecil para o seu próprio apartamento de luxo em Chancery Lane. Ali, Crowley prepararia duas acomodações diferentes; uma para a prática de Magia Branca e outra para a prática de Magia Negra.[30] Pouco tempo depois ele convidou seu companheiro da Aurora Dourada, Allan Bennett, para viver com ele, e Bennett se tornou seu tutor pessoal, ensinando a ele mais sobre magia cerimonial e o uso de drogas para rituais.[31][32] Entretanto, em 1900, Bennett se mudou para Ceilão (Sri Lanka de hoje) para estudar Budismo,[33] enquanto em 1899 Crowley adquiriuMansão Boleskine, em Foyers na margem do Lago Ness na Escócia. Ele desenvolveu um amor pela cultura escocesa, se descrevendo como "Senhorio de Boleskine" e começou a vestir o tradicional vestido das montanhas, até mesmo durante visitas de volta a Londres.[34] Entretanto, uma dissidência havia sido desenvolvida ao redor da Aurora Dourada, com MacGregor Mathers, o líder da organização, sendo deposto por um grupo de membros que estavam infelizes com seu regime autocrático. Crowley tinha inicialmente contatado esse grupo pedindo para ser iniciado em ordens superiores da Aurora Dourada, mas eles negaram a ele. Imperturbado, ele foi a MacGregor Mathers, que por uma grande quantia iniciou ele na Segunda Ordem.[35]Agora leal a Mathers, ele (com sua então amante e companheira iniciada, Elaine Simpson) tentaram ajudar a interromper a rebelião, e sem sucesso tentaram tomar o espaço de um local conhecido como a Abóbada de Rosenkreutz dos rebeldes.[36] Crowley também desenvolveu mais contendas pessoais com alguns dos membros da Aurora Dourada; ele não gostava do poeta W.B. Yeats, que tinha sido um dos rebeldes, pois Yeats não era particularmente favorável a um de seus poemas, Jephthat.[37] Ele também era antipático a Arthur Edward Waite, que despertava a ira de seus companheiros da Aurora Dourada com seu pedantismo.[38] Crowley defendia o ponto de vista que Waite era um chato pretensioso através de críticas aos escritos deles e editoriais das escritas de outros autores. Em seu periódico O Equinócio, Crowley intitulou uma de suas críticas de, "Wisdom While You Waite" (interpretado como Sabedoria Enquanto Você Espera, sendo Wait em inglês esperar), e sua nota sobre o falecimento de Waite tinha o título de, "Dead Waite" (interpretado como "Peso Morto", aproximando a pronúncia de "weight", que significa peso).

[editar]Viagens ao redor do mundo,

Enquanto isso, em 1900, Crowley tinha viajado ao México através dos Estados Unidos por uma veneta, onde ele pegou uma mulher local como sua amante, e junto com seu amigo Oscar Eckenstein foram escalar diversas montanhas, incluindo IxtaccihuatlPopocatepetl e até Colima, da qual a ultima tiveram que abandonar devido a uma erupção vulcânica.[39] Durante esse período Eckenstein revelou suas próprias tendências místicas. Crowley tinha continuado por si próprio experimentos mágicos após deixar Mathers, e seus registros indicam que durante esse tempo ele descobriu o significado da palavra Abrahadabra. Eckenstein disse a ele que precisava melhorar o controle de sua própria mente, e recomendou a prática de raja yoga.[40] Depois de deixar o México, um país do qual ele se tornara um grande apreciador, Crowley visitou São FranciscoHavaíJapãoHong Kong e Ceilão, onde ele se encontrou com Allan Bennett e se devotou ainda mais a ioga, na qual ele afirma ter alcançado o estado mental de dhyana. Foi durante esta visita que Bennett decidiu se tornar um monge budista da tradição Theravada, viajando à Burma, enquanto Crowley tinha ido a Índia, estudar várias práticasHinduístas.[41] Em 1902, Eckenstein se juntou a ele na Índia com alguns outros alpinistas: Guy Knowles, H. Pfannl, V. Wesseley, e Dr Jules Jacot-Guillarmod. Juntos, a expedição Eckenstein-Crowley tentaram escalar o monte K2, que até então nenhum outro europeu tinha tentado escalar. Nessa jornada, Crowley se infectou com influenzamalária e cegueira de neve, enquanto os outros membros também estavam com doenças similares. Eles finalmente alcançaram os 20.000 pés de altura antes de decidirem retornar.[42] Ao retornar à Europa, ele visitou MacGregor Mathers em Paris, e apesar de terem sido amigos uma vez, os dois se separaram logo; Crowley afirmou que Mathers estava roubando dele enquanto ele esteve fora (ele posteriormente roubou os itens de volta), e como o biógrafo de Crowley John Symonds notou, ambos se consideravam os esoteristas superiores e se recusavam a se submeter ao outro.[43] Em 1903 Crowley se casou com Rose Edith Kelly, que era irmã de um amigo de Crowley, o pintor Gerard Kelly, em um casamento de conveniência. Entretanto, um pouco depois do casamento, Crowley se apaixonou de verdade por ela e começou a namorá-la. Gerard Kelly era de fato um grande amigo de W. Somerset Maugham, que mais tarde usaria Crowley como modelo para sua novela O Mágico, publicada em 1908.[44]

[editar]O livro da Lei

O ano de 1904 foi capital para Crowley, o mistério que iria persegui-lo por toda a vida estava por se revelar, como dádiva e maldição. Ele já era um Magista competente, iniciado na Aurora Dourada, uma das mais importantes Ordens mágicas de todos os tempos.
Nesta época, Crowley estava viajando o mundo. Em março e abril ele estava no Cairo, Egito, em companhia de sua esposa, Rose Kelly. O casal se entregava às alegrias da viagem de núpcias, mas nem por isso Crowley deixava de ser um Mago. Ele faz uma invocação de elementais do ar para sua jovem esposa, e qual não foi a sua surpresa, ao invés dos silfos a mulher começa a balbuciar: Hórus falava através dela. O deus prescreve então uma série de detalhes para um ritual de invocação, o resultado deste Ritual se da nos dias 8, 9 e 10 de abril, nos quais Crowley recebe o Livro da Lei, um poderoso Grimório de instruções mágicas, a Lei da era de Aquário. Crowley se choca com o conteúdo do Livro, mas a força das revelações lá contidas, influenciando eventos históricos de magnitude gigantesca (Primeira e Segunda guerras mundiais, por exemplo), deixou fora de dúvida a veracidade, beleza e poder do Livro da Lei.
Ditado por uma entidade de nome Aiwaz (que mais tarde Crowley associou a seu Eu superior). Nele, a Lei da nova era é sintetizada na frase Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei, e tem como contraponto e complemento Amor é a lei, amor sob Vontade. Facilmente poderíamos imaginar um paraíso da libertinagem, mas a vasta obra de Crowley nos mostra que liberdade sim, mas com conhecimento, em suas próprias palavras:
O tolo bebe, e se embebeda: o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre, bebe, e dá glórias ao Mais Alto Deus.